Propagandas de cassinos online, inclusive das conhecidas bets, de apostas esportivas, estão sendo feitas por influenciadores mirins no Instagram. Um dos perfis que divulgam jogos de azar é de uma menina de seis anos que tem quase 3 milhões de seguidores.
Disseminado no país, esse tipo de aposta já atinge crianças e adolescentes, e famílias e escolas começam a se deparar com o vício dentre os mais novos.
A Escola da Vila, por exemplo, localizada na zona oeste de São Paulo, enviou um comunicado às famílias relatando que “têm chegado à escola a informação de que os jovens têm feito uso cada vez mais frequente dos aplicativos de apostas” e alertando para a vulnerabilidade dos adolescentes.
“Reiteramos a importância de conversarem em casa a esse respeito, de modo a agirmos em conjunto, escola e família, na prevenção desse comportamento de risco”, diz o texto.
Um estudante de uma escola particular de São Paulo ganhou mais de R$ 5.000 apostando em bets em uma semana –e perdeu o mesmo montante em poucos dias. A família buscou assistência psicológica.
O vício na bets, que são em grande parte baseadas em apostas sobre jogos de futebol, atinge equipes de base dos clubes. Jogadores adolescentes, além de serem bombardeados pela publicidade das empresas, que se tornaram patrocinadoras de clubes, se iludem com a ideia de que poderão ganhar dinheiro porque entendem de futebol.
O Instituto Alana, ONG que atua na defesa da infância e da adolescência, fez uma denúncia na semana passada ao Ministério Público sobre publicidade ilegal de cassinos online veiculada por crianças e adolescentes em redes sociais.
A denúncia menciona impactos altamente negativos desse vício na infância e na adolescência, inclusive o risco de suicídio. Cita o caso de um adolescente de 17 anos do Maranhão que se suicidou no ano passado ao perder R$ 50 mil, que havia recebido de herança, no Fortune Tiger, o “jogo do tigrinho”, caça-níquel extremamente popular.
No Brasil, divulgar e promover o uso de jogos de azar por crianças e adolescentes fere as leis de proteção à infância.
Folhapress