A Polícia Federal indiciou por organização criminosa e corrupção passiva o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil) em um inquérito que investiga suspeitas de desvio de emendas parlamentares para pavimentação de ruas de Vitorino Freire, no interior do Maranhão. A cidade é comandada por sua irmã, Luanna Rezende, que chegou a ser afastada do cargo no ano passado, mas retomou o mandato após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). É a primeira vez que um ministro do atual mandato de Luiz Inácio Lula da Silva é indiciado.
O indiciamento foi antecipado pelo jornal Folha de São Paulo e confirmado pelo GLOBO. A ação que tramita no STF era relatada pelo ministro Luís Roberto Barroso, mas foi herdada pela então ministra Rosa Weber em setembro. Com a aposentadoria de Rosa, quem assumiu a relatoria foi o ministro Flávio Dino, que foi colega de Juscelino na Esplanada dos Ministérios até janeiro deste ano. Antes de assumir a vaga na Corte, Dino chegou a afirmar a interlocutores que poderia se declarar impedido de julgar o caso.
O relatório final com as investigações da PF foram encaminhadas nessa terça-feira (11/06) à Corte.
Prourados, o ministro e o Palácio do Planalto não se manifestaram sobre o indiciamento.
A emenda parlamentar investigada foi indicada por Juscelino quando ele era deputado federal, ou seja, antes de assumir o cargo de ministro. O dinheiro foi enviado por meio da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) do Maranhão.
Um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) apontou que 80% da estrada custeada pela emenda beneficiou propriedades dele e de seus familiares na região.
A obra de pavimentação da estrada foi orçada em R$ 7,5 milhões e tocada pela construtora Construservice, que tinha como sócio oculto o empresário Eduardo José Barros Costa, mais conhecido como “Eduardo DP” ou “Imperador”.
O relatório da PF aponta que Juscelino integraria uma “organização criminosa” com o empresário com base em mensagens analisadas pelos investigadores no celular de Eduardo DP no período entre 2017 e 2020.
O Globo